Casa de taipa-de-mão, construída à
época colonial, hoje conhecida como a Casa do Grito, antiga parada de tropeiros
no caminho do mar, localizada dentro do Parque da Independência, Ipiranga, São
Paulo. Informações na própria casa, hoje um museu, afirmam que, no período
colonial, “pousos e vendas [como essa
casa] de estrada eram fundamentais para
circulação de pessoas, animais e mercadorias. Neles o viajante achava abrigo,
as mulas e cavalos podiam refazer-se do esforço e era possível encontrar
alimentos e provisões”. Nesse caso, as
mercadorias ofertadas eram fabricadas no próprio ambiente doméstico. Em casas
bandeiristas, o programa habitacional previa também a hospedagem desses
viajantes. Fato curioso é a presença dessa casa no famoso quadro pintado por
Pedro Américo, que idealizou a independência brasileira na ufanista tela “independência ou morte” (imagem abaixo).
Resta saber se o monarca brasileiro (e seu agudo desarranjo intestinal)
desconcentraram a provinciana rotina da família que morava nessa casa. No canto
inferior esquerdo da tela há um camponês que parece descompreender a histeria
dos militares envolvidos. Se há algo verídico nesse quadro, é a casa colonial e
o piriri do monarca.
quarta-feira, 28 de março de 2018
quinta-feira, 22 de março de 2018
Parque do Ibirapuera, Oscar Niemeyer
Edifício localizado no Parque do
Ibirapuera, inaugurado em 1954 como parte das comemorações do quarto centenário
da cidade de São Paulo, projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Atualmente, esse
imóvel encontra-se vazio, o abandono e a deterioração são notáveis. Sua solução
projetual é bastante parecida com outro prédio, atual sede do museu
africano-brasileiro. Por outro lado, sua relativa austeridade formal contrasta
com outras tipologias icônicas do parque, como as adotadas na Oca e no
Auditório. No eixo longitudinal, em um lado da fachada, há um brise que protege
o fechamento envidraçado anterior. Já o recuo do pavimento térreo projeta uma
grande área de sombra por toda a extensão (a projeção do pavimento acima é
sustentada por colunas inclinadas). O ambiente paisagístico do entorno e a
ausência de outras edificações muito próximas realçam o objeto arquitetônico
implantado. Visita realizada em 16 de setembro de 2017.
Parque Dona Lindu, Oscar Niemeyer
Parque Dona Lindu, projetado em 2006
pelo arquiteto Oscar Niemeyer, bairro Boa Viagem, orla da praia, Recife. Aqui,
há dispositivos repetidos em inúmeras outras obras do autor, realizadas em
épocas, lugares e circunstâncias diferentes: superfícies curvilíneas
esculturais de concreto armado pintadas de branco, hipervalorização formal nem
sempre concatenada com aspectos programáticos, planos fechados e inexistência
de janelas, implantação apriorística dos objetos arquitetônicos e indiferença com
relação a ambiências preexistentes nas vizinhanças (menciona-se, no entanto,
que as edificações dessa vizinhança são edifícios de apartamentos construídos
pelo mercado imobiliário nos anos 2000, quase todos de uma miséria estética
notável). No caso do parque recifence, são duas edificações principais
interligadas por uma marquise curva, solução que contribui para setorizar os
espaços externos. As áreas não construídas do parque contêm uma vegetação
rasteira: gramado, arbustos e árvores com pouca ou nenhuma sombra. Por isso, intensificado
pelo clima quentíssimo da capital pernambucana, o resultado são espaços
inóspitos praticamente o tempo inteiro, insuportável nos dias ensolarados, o
que prejudica a solenidade da fruição da obra: os termos da própria arquitetura-escultura
prejudicam sua apreciação. A mencionada marquise é o que viabiliza a mínima
permanência dos pedestres no local. Para piorar, o nível de reflexão da luz é
maximizado pelo uso absoluto da cor branca, aumentando ainda mais a temperatura
ao redor da arquitetura-escultura proposta. Em uma das edificações há uma
grande abertura para o exterior, pintada de vermelho, o que parece viabilizar
apresentações artísticas realizadas a partir do interior (com público acomodado
no exterior). Esse mesmo expediente foi utilizado no auditório do Parque
Ibirapuera em São Paulo, projetado nos anos 1950, mas construído, no entanto, apenas
nos anos 2000. Visita realizada em 2012.
sábado, 17 de março de 2018
Escola Politécnica, Ramos de Azevedo
Edifício projetado em 1920 pelo
arquiteto Ramos de Azevedo, sede do curso de Engenharia Elétrica da Escola
Politécnica, posteriormente incorporada à Universidade de São Paulo. Ele se
localiza na praça Coronel Fernando Preste, Bom Retiro, São Paulo. Como tantos
edifícios acadêmicos emblemáticos realizados pelo autor nas primeiras décadas
do século XX, esse imóvel estampa diversos elementos clássicos em sua fachada,
como capitel (dórico, jônico, coríntio) e frontão. A estrutura é de alvenaria e
algumas paredes têm 80 centímetros de espessura. No porão, como não há
revestimento, é possível observar o belo trabalho de mestres-de-obras
especialistas na técnica da alvenaria, inclusive nas abóbodas que sustentam o
pavimento superior. Salmoni e Debenedetti (2007) apontam que boa parte dessa
mão-de-obra era italiana. O próprio escritório Ramos de Azevedo continha em seu
quadro diversos profissionais de origem italiana, entre construtores e
arquitetos, como Domiziano Rossi e Felisberto Ranzini. Ao centro da edificação,
no elemento saliente com maior altura, a estrutura da cobertura é metálica, o
fechamento é envidraçado e a pintura exterior é esverdeada. Do ladrilho
hidráulico aos vitrais coloridos, nota-se o requinte do local onde a elite
abastada da cidade recebia sua formação técnico-universitária. A imagem
figurativa de um dos vitrais mostra, na interpretação de quem o desenhou, o
processo de criação de um arquiteto (o apoio em que ele está sentado é um
capitel grego). Atualmente, funciona no prédio o arquivo público da cidade. Visita
realizada dia 17 de março de 2018.
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